quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Uma missa, uma conversa

Fugindo um pouco do meu próprio padrão de escrever textos, vou relatar alguns fatos recentes.

Era domingo, dia 23 de Janeiro de 2011, um amigo meu tinha me chamado pra ir à missa, e decidi ir apesar de ser Ateu, já faziam muitos anos que eu não e queria ir com um visão crítica, não uma visão de quem acreditava naquilo que lhe era dito. Acompanhei com respeito, seguindo o que a missa propunha, pois levei aquilo como manifestação cultural. Me desapontei ao longo da missa, esperava um sermão que fizesse refletir ou algum "discurso" do padre que levasse aos cristãos ali presentes à reflexão; mas o que deu pra perceber é que as pessoas são levadas a acreditar que Deus é piedoso e que resolverá os problemas. Além disso, o padre falou sobre as pessoas que assistem TV e não vão à igreja durante os outros dias da semana, ou das pessoas que vão para a Igreja evangélica... Nada de interessante foi dito, nada reflexivo, apenas dogmático! Não houveram ensinamentos, apenas histórias de Jesus curando, de um Deus onipresente e onipotente que vai resolver tudo e que as pessoas só devem propagar a religião! E assim terminaram as 2 horas de missa.

Feito isso, no dia seguinte enquanto caminhava pela praia, encontrei o Padre da missa do dia anterior! Eu e esse mesmo amigo nos sentamos pra conversar com ele, e ele se revelou uma pessoa interessante. Missionário, já tinha ido à África e ajudado as pessoas à aprender a plantar e colher! Iria para a Amazônia ajudar lá, só estava aqui no RJ para alguns anos de descanso. Além disso, fizera faculdade de Filosofia e falava bem de Nietzsche!!!(Nietzsche foi um filósofo que dizia que Deus não existia, que estava morto.) O padre, ou melhor, missionário, criticou o modo como são feitos os cultos e como as pessoas não são reflexivas. Dizia que a bíblia era metafórica, e que não devia ser seguida como uma história e sim como um ensinamento, pois as passagens presentes nela eram analogias às épocas vividas do homem! Este mesmo padre apreciava o Plínio de Arruda, e concordava em parte com a ideologia do que chamamos de "esquerda política". O modo como ele tinha proposto pra nós a religião fez-me pensar que ela só não é usada para algo BEM MELHOR que controle social porque realmente não é do intere$$e dos padres, que ele mesmo criticou ao dizer "Quero ver esses padres irem à África, o que eles querem é dinheiro e conforto."

Incrível, um ótimo Padre, uma ótima proposta do uso da religião. Continuo com meu Ateísmo, mas com um respeito maior por àqueles que a seguem do mesmo modo como esse que conheci.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O direito de crítica!

A Constituição Brasileira de 1988 prescreve em seu artigo 5º, inciso VI:
"É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias"
Agora, a liberdade de pensamento está assegurada? NÃO!
Essas prescrições em favor da liberdade das crenças se transformaram em enunciados sagrados. E tudo que é sagrado está fadado a incorrer em obscurantismo e primitivismo. É o que ocorre.
Sendo sagrado, muitas pessoas consideram inatingível, intocável e inquestionável, estando acima do Bem e do Mal. Sob a alegação de que críticas ferem essa "liberdade".
Recentemente, em Salvador um padre católico escreveu um livro criticando o candomblé e as práticas de bruxaria. Representantes dessa religião animista pediram judicialmente a proibição da venda desse livro, alegando que ofendia o "direito de crença". Absurdamente, o juiz aceitou e sentenciou que o livro fosse retirado do público.
Observando esses fatos, concluímos que o sagrado não pode sequer ser criticado. Essa é a grande questão filosófica. Ora, uma ideia que não pode ser criticada tende a tornar-se imperfeita e irreal. E o pior: se uma crítica não pode ser feita a uma crença, esse procedimento derruba e afronta por completo a liberdade de pensamento.
A crítica não fere o princípio da liberdade de crença ou ideias, pois a crítica não impede nem obstrui o seu exercício. A crítica é apenas a manifestação de outra ideia, que circunstancialmente poderá ser em parte ou totalmente contrária.
A crítica, portanto, é um puro ato de liberdade de pensamento. Se ela se contrapõe às crenças existentes trata-se de um mero acaso. Quem a tenha, continuará a tê-la, porém se abjurada, será por vontade de seu dono e não por impedimento da crítica, pois esta não tem esse poder.
A evolução e o desenvolvimento intelectual se controem pela crítica, por isso deixo aqui a minha indignação com a falta do direito de crítica à religiões.


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Colher e plantar

É comum ver pessoas reclamando, quando sofrem algum tipo de perda ou traição, que são muito bonzinhos ou que sempre esperam coisas boas das pessoas e por isso sempre se enganam e se machucam. Pois então, é assim ? A qualquer topada na vida as pessoas mudam conceitos, estilos e crenças ? Me assusta ver isso pois se por pouco os sentimentos que, ao me ver, são bons, já são deixados para trás, imagina durante a vida, que nos apresentará montanhas maiores a serem desafiadas ?

A qualquer momento, desde quando é pequeno, sempre escutamos 'cuidado, você colhe o que planta.' e na hora você pensa na piadinha: 'é óbvio, se plantar maconha tu vai colher maconha.' Mas essa frase tem um valor muito maior para ser usada como piada ou qualquer coisa do tipo. Esperar o bem, o melhor do próximo é um pontapé para que os outros façam o mesmo consigo.

Essas desconfianças fizeram surgir uma das criações mais toscas do homem: o livro de auto-ajuda. Ajuda ou conselhos, pelo o que eu entendendo da relação homem-homem, é para ser ofertado sem qualquer remuneração. Hoje essa 'ajuda' é vendida. Definições ridículas sobre o que é felicidade ou como alcançá-la. Visões fechadas que não vêem que a vida se engrandece com as perguntas e não com as definições, muitas das vezes precipitadas

É nisso que eu acredito. Plantar o bem e o conhecimento, para, no futuro, poder colher o mesmo e poder ofertar para as pessoas próximas. Acho que se cada pessoa tivesse esse sentimento em si, viveríamos melhor.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Tempo para pensar

Após ter assistido, mais uma vez, ao filme alemão "The Edukators" lembrei-me da questão do tempo: tempo para pensar. Novelas, Futebol, trabalho, família, amigos, cerveja gelada de fim de tarde. Falta tempo para fazer as coisas que nos agradam e nos confortam, temos de estudar, em breve vamos trabalhar, namoradas consomem tempo também... Não que isso seja ruim, e não é, mas quanto menos tempo temos mais submissos aos prazeres do estado nós estamos! Como podemos ir às ruas e protestar se as pessoas encaram um problema da seguinte maneira: "Ih, corrupção!!! Opa, a novela começou." ou pior "Como? Protesto na sexta-feira? Quero descansar." ou simplesmente são cabeças duras "Essas coisas de movimento social não dão certo.". Mantendo a mente fechada você mantém o controle exercido sobre você! Temos que parar e pensar, refletir, abrir os olhos. É muita desigualdade num país tão rico, num mundo tão abundante. Algo está errado, não está óbvio? O mundo precisa de um pouco mais de tempo livre, não pra diversão mas sim pra reflexão.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Foi pra mim. Quero para todos.

Podem achar que esse texto é totalmente clichê e por isso já vou me explicando. Não vou defender a escola como instituição pois a minha foi ( e é ) uma empresa, assim como todas que são de qualidade. Vou defender os professores e suas respectivas importâncias.

O que mais vai me fazer falta desse ano que se passa, será a companhia com essas pessoas. Me inspiraram, me influenciaram, me ajudaram. Muito mais do que só ensinar, excluíram aquela forma ditatorial do ensinar e aprender. Lecionaram de uma forma jovial e informal, muito mais eficaz.

Babação de ovos à parte, a grande importância que eles tiveram para mim foi a transformação da minha visão. Todo dia de aula foi uma chuva de inspiração para produzir. Cada aula eu tinha um assunto para escrever, para pensar, para refletir. Meu medo é de não ter mais essa fonte, por isso, me acho preso a aquelas pessoas. Não encontrar uma mesma fortaleza me faz temer 2011, preciso de inovações para escrever por uma válvula de escape.

O título, é o meu desejo. Desejo que todos encontrem uma fonte de inspiração em cada professor, enxerguem um ídolo naquele profissional que está escrevendo no quadro. Foi pra mim e quero para todos, TODOS.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Tudo está interligado

Suponhamos que haja um movimento estudantil à favor do passe livre nos ônibus para estudantes de colégios públicos, ou seja, os estudantes de colégios públicos circulariam livremente sem ter que pagar. Portanto, isso atenderia à necessidades de muitos estudantes da rede pública, logo porque um estudante de colégio privado iria à esse movimento? Isso não atenderia os interesses dele, nada mudaria pra ele... Será? No Rio de Janeiro, São Paulo e outros lugares também, encontramos o caos no trânsito ocasionado por grande quantidade de carros para poucas ruas, dentre outros problemas. O estudante de colégio particular geralmente vai à escola num carro, e nesse carro ele enfrentará trânsito devido a muitas outras pessoas que preferem à recorrer o transporte privado ao público devido ao custo benefício. Dentre essas pessoas que preferem o transporte privado, há também estudantes de colégio público que possuem pais com carros que preferem levar seus filhos de carro à ter que pagar pelo transporte "público". Agora veja, se esse passe livre for autorizado, serão menos pessoas usando transporte privado, menos carros nas ruas pois mais pessoas estarão nos ônibus, indiretamente, aquele garoto do colégio privado terá mais conforto ao trafegar nas ruas pois o trânsito diminuirá. Agora, imagine se o transporte "público" se tornar público MESMO. Tudo está interligado, o bem do próximo pode ocasionar no seu, pois a vida num estado, país, mundo, município nada passa de uma rede! De um modo ou de outro, o benefício do próximo chega no seu! Solidariedade é quase egoísmo, e nesse caso não há nada de errado.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Politizar-se.

Me peguei pensando, novamente, na sociedade. Estas noites de rolação na cama transformam minha cabeça em uma máquina do tempo, prevendo futuro, relembrando passado, analisando o presente. São vários assuntos, dos mais variados interesses. Gosto de pensar no que me sinto fazendo ou estando com. Logo pensar o mundo me faz bem.

Dentre essas viagens sem escala, lembrei de uma frase que li por aí na internet:
'O povo reclama das más administrações, da falta de comida, falta de água, falta de tudo. Mas não enxergam que o modo mais fácil de enfrentá-los é politizar-se.'
Não foi exatamente assim, mas o sentido é tal. E achei brilhante. Politizar-se é o motor da mudança, mudaremos os políticos, quem sabe os que realmente dominam o país (isso é bem mais complexo). O grande problema é desviar esses interesses da 'mão invisível do mercado', deixar de formar empregados e chefes, formar cidadãos. Isso eu já falei demais no meu outro blog.

Minha visão é de esquerda, deixo claro. Porém com a politização do povo, surgirão mais pessoas tendenciosas à esquerda e a direita. Isso engrandece os dois 'lados', com mais pessoas pensando formas políticas, os erros de cada uma das correntes serão constantemente mostrados e existe a possibilidade da melhoria. A disputa engrandece, pois um quer mostrar ao outro que é melhor. Por isso a existência do socialismo é tão bom para o povo que vive no capitalismo (não para os grandes homens). Você pergunta 'Nossa COMO !?'. Foi assim mesmo que eu pensei quando ouvi essa frase. A resposta está na ideologia de disputa capitalista. Com o socialismo, o governo investe pesado no lado social, melhora nas escolas, hospitais e etc. para mostrar que é melhor que o socialismo.

Muitas coisas desse mundo influenciam na alienação. E vou direcionar uma critica negativa por aqui. Surgiu nesses tempos um cara na internet chamado Felipe Neto, criticando as tal 'modinhas'. Com certeza, muito inteligente, prova disso é o vídeo que ele fez falando de político. Ele mesmo virou uma modinha, criticando o jeito dos jovens de se entregar a sentimentos bobos e a famosos que pouco contribuem para seus respectivos crescimentos. Então, por que ele mesmo não usa sua fama e capacidade de atrais os jovens para tirá-los da alienação e incentivá-los ao conhecimento político - ao invés de fazer um vídeo se auto-criticando ?

Deixando claro que não atiro pedras nas pessoas que não seguem esse caminho que falei neste texto. Só é uma das características necessárias para a mudança que tanto exigem, ao meu ver. Não beije a bandeira nacional apenas em dias de Copa do Mundo, beije-a diariamente, tenha orgulho de ser brasileiro e faça por onde. Quando isso ocorrer as mudanças que a maioria deseja pode ocorrer e jamais teremos um aumento de 62% no salário dos parlamentares enquanto professores recebem pouco mais de R$1.000,00.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Isso não é natural

Nascemos com um preço, o preço do Hospital e dos serviços prestados pelo nosso parto. Crescemos às custas de preços, creches, hospitais para nossas doenças de criança, escolas, roupas, comida. Continuamos a crescer com os mesmos preços, mas agora somos adolescentes e devemos ir pra Faculdade Pública, ou pagaremos o preço da particular. Somos adultos, agora nós somos mercadorias e as pessoas nos compram pra trabalhar pra elas; como escravos, porém temos a falsa ilusão da liberdade, liberdade essa de escolher com que dificuldade você vai viver e com que caixão você será enterrado. Resumidamente, essa é a vida de um "cidadão" qualquer, tudo gira em torno do capital e isso está completamente encravado na cabeça da massacrante maioria da população do mundo todo. Ninguém questiona o fato de que para vivermos precisamos de papel pintado, porque nosso trabalho não é em prol da sociedade apenas? Assim poderiamos ter nosso trabalho convertido em solidariedade e serviços públicos prestados para todos! Foi triste quando me dei conta que em minha vida toda meu pai pagou 2 escolas e 2 hospitais: Escola e Hospitais públicos, Escola e Hospitais privados. E é triste saber que só tive algo decente quando paguei algo fora dos impostos; mais triste ainda é saber que todos brasileiros pagam a faculdade pública, e poucos têm acesso. Trabalhamos pra termos um preço, e quase nunca o preço é suficiente para que tenhamos oportunidades decentes. Pagamos impostos que são convertidos em Copa do Mundo, Aviões e Escândalos Políticos... A sociedade nasce com um preço, e a sociedade acha isso natural. Não quero pagar pela minha vida, não quero trabalhar pra viver; quero viver e trabalhar por vontade e amor ao que faço e por solidariedade ao próximo.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Nacionalismo: nem demais, nem de menos.

Fiquei pensando em algo para voltar a escrever nesse blog. Quanto tempo que não passo por aqui e que falta que está me fazendo. Por causa da minha última experiência, resolvi escrever alguma coisa sobre nacionalismo. Pensei sobre seus limites.

Com o convívio com pessoas de outras nações, percebi que a interação entre povos é algo que pode acrescentar e muito para o mundo como um todo. Troca de experiências, contos, crenças, histórias... tudo isso faz com que o homem cresça e o mundo agradece. Mas não quero receber dos Britânicos fotos pornográficas, quero saber o que eles pensam da gente, o que eles acham que podemos mudar para evoluirmos (não no sentido do capital, mas como sociedade). Quero saber como eles encaram religião, a política, o mundo.

Nacionalismo exacerbado não permite essa interação. Cria-se o etnocentrismo. 'Nós somos os melhores, tô nem aí para o que eles tem de falar para mim.'. Levanta-se barreiras invisíveis que impedem o desenvolvimento do mundo como um todo. Além disso, a intensidade desse sentimento faz com que a mídia crie rivalidade inexistentes e alimenta essa criação de uma forma que gera preconceito de uma nação por outra (não estou questionando as rivalidades históricas).

Ter uma identidade nacional é muito importante. Cultura, língua, história, orgulho e outros. Mas com limites, para que pessoas com má intenção não manipulem outras para surgir preconceitos banais.