domingo, 5 de setembro de 2010

O direito de odiar ou consciência de classe versus hegemonia burguesa

Essa porra aí de censurarem o Facção central devido ao clipe:

Clique aki para ver o clipe

Ouve-se reiteradamente no senso comum: “RAP é triste, como alguém gosta disso? música deve ser alegre, tratar de coisas bonitas”. Por que não se ouve dizer que música clássica não é música? Richard Wagner não musicalizava a dor? “Só falam de bandido, portanto, são todos bandidos, quem canta e quem escuta”. Por que não se ouve que Quentin tarantino também é bandido? “RAP não tem melodia, não é música”. Então me explique, predestinado detentor da chave liricista universal, a metafísica da arte.

O que realmente fez a burguesia tremer face ao vídeo-clipe? A consciência de classe. A possibilidade de mobilização popular. Os poderosos temem o povo, temem a união.

O promotor, o “jornalista”, o telespectador que se sentiu chocado com o clipe assim ficou por um motivo: identificação com o vídeo, viram-se dentro dele; porém, infelizmente sua visão pequena e deturpada só os permitiu porem-se no lugar do gerente do banco ou do dono do carro importado entrando na mansão.

A parte mais violenta da música para o ideário burguês é, sem dúvida essa: “(…)Então meta a mão no cofre e ajude o nosso povo(…)”. Não querem ouvir que a culpa é deles. Não querem ouvir que a violência é o (baixo) preço que se paga pelo conforto de sua acumulação. A violência de um país é diretamente proporcional ao nível de desigualdade social.

O fato é que existe apenas um argumento para o ódio ao RAP: “medo de classe”, a “consciência” de classe burguesa.

O que a ideologia burguesa faz com o RAP é o mesmo que é feito com os movimentos sociais. Buscam criminalizar tudo aquilo que ponha em xeque a hegemonia da classe dominante. O próprio precursor do termo “Hegemonia”, o co-fundador do Partido comunista italiano e militante, Antonio Gramsci, fora preso pela reação fascista italiana, situação em que permaneceu por 8 anos até a sua liberdade condicional, quando se encontrava prestes a morrer por complicações de saúde provenientes do cárcere. Esse fenômeno é recorrente mesmo em nossa história recente, basta lembrar de toda a mobilização reacionária em torno do (embora limitadíssimo) pndh-III.

Se pudéssemos colher o testemunho de um escravo morto após horas de tortura no tronco, assisti-lo-íamos recitar um poema de amor? Ouviríamos uma cantiga de roda como as primeiras palavras do palestino morto por um tanque israelense se pudéssemos ressuscitá-lo? O Ser humano subjugado não é carinhoso.

Por que no brasil seria diferente? Por que devemos ser alegres frente à injustiça? Por que o oprimido não deve sentir ódio de seu opressor? Desejam retirar até esse direito do povo? O mínimo direito de odiar quem te odeia. Odeiam-nos ainda hoje, aqui está o Bóris Casoy (integrante do comando de caça aos comunistas aversivo ao trabalho) que não me deixa mentir. Que democracia nos nega o direito de odiar? Quero poder odiar.

Quero ter o direito de odiar aqueles que não receberam mais do que medalhas durante a ditadura. Quero poder odiar os que hoje continuam por manter o mesmo status quo de 500 anos atrás. Quero poder odiar os que transformam meu povo em mercadoria. Quero odiar, não amar meus inimigos, beijar a mão de quem me explora e explora meus iguais. Só não tem inimigos aquele que não conhece sua história.

Vive-se em guerra sim. Há os que sabem disso e escolhem o seu lado e há os que não sabem ou não querem saber, estes últimos também escolheram seu lado.

Qual revolução resultou de uma relação de estima entre explorador e explorado? Toda revolução nasce da revolta, do sentimento de injustiça, da busca de vingança. A brasileira não será diferente.

Fonte: http://www.arialcalibre12.com/tag/sonia-abrao/

ESSA PORRA TA ERRADA!

Por: Hugo


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